domingo, 4 de agosto de 2013

" A saudade até que é bom...é melhor que caminhar vazio"



Nos vem, as vezes, de longe... de tão longe certas lembranças, daquelas que alimentam a alma e dá uma saudade enorme do que já foi. Quando  bem  jovens somos incivilizados com o tempo. O tempo de escolhermos que adultos queremos ser, tempo que tem pressa em ser, sem espreitar  tempo algum que ainda resta, porque nos sentimos eternos e duradouros. As coisas para as quais nos entregamos, as tarefas pelas quais nos desdobramos tendem sempre a nos afastar das pessoas e fragilizar vínculos estabelecidos em momentos preciosos do SER. Corremos feito leopardos na savana, em busca de uma liberdade e de uma procura que nos torne completos, porém no final, sempre percebemos que não chegamos inteiros, alguns não chegam nem pela metade. Não há nenhuma completude em nós... não haverá nunca! Eis uma busca inútil. Estamos reservados como espécie, à condição de não acabados, de construção permanente. Nossa miserável espécie é feita de tal maneira que mesmo disfarçados de heróis e vilões, ainda assim, dorme dentro de nós um ser inocente, cuja maior angústia é não saber mais parar o tempo. Mas parar o tempo pra quê? Pra se sentir que  se correu demais e distanciou-se irremediavelmente de qualquer possibilidade de controle? Mas o que é o controle senão algo que nos acorrenta inexoravelmente ao engano? Não haveria sacrifício nem sofrimento maior ao ser humano do que perder sua condição de provisório? Ganhar a imortalidade para depois fazer o que com ela? Viver atormentado como Prometeu cujo maior desejo era ser mortal? Nossa condição humana é tão delicada e se faz tão distante de se amparar no que realmente é edificante, porque esquecemos de amar melhor, sentir melhor, olhar com inteireza e com todo sentimento aquilo que é mais essencial, aquilo que não exige tanto dinheiro nem muito esforço, porque já está ganho, é dado-nos como presente basta só apanhar e desfrutar. A ideia aqui colocada pode até parecer uma repetição simples do lugar comum, da inexistência completa do vir-a-ser, da filosofia facilitada desprovida de qualquer profundidade intelectual, e é mesmo, contudo, a despeito de qualquer exigência, e ao mesmo tempo em respeito a ela, é até por ela que não devemos nunca ocultar sentimentos, prazeres, saudades e desejos, seja lá como for a maneira que escolhemos fazê-lo e com a capacidade que está ao nosso alcance de legitimar e reconhecer que não estamos aqui, senão para viver bem, respirar bem... viver esse tempo sem aguardar que nos façam felizes. Temos o dever de providenciar as possibilidades das emoções que nos conduzem ao êxtase ou ficaremos acuados ante a própria incompletude e a inevitável angústia do confronto com a nossa temporalidade.
Porque o PESA pode trazer essa dimensão tão subjetiva, para esse espaço? Porque nos permitimos sentir e dizer que estamos com saudades do que já construímos, durante esses 10 anos de trabalho, onde tantas parcerias se construíram e se desfizeram, quantas pessoas incríveis edificaram junto o sonho coletivo da transformação e lutaram tendo como fundamental em seus atos, a luta em si. E agora, após concluídas suas tarefas, já que o tempo as afastou porque impôs limites  físicos ou lhes reteve pelo desejo de seguir nova direção e novos sonhos,  são ainda plenas de beleza e saudade, pelo que foram, pelo que permanecem sendo e ainda serão: dona Livramento, dona Fca Albino, dona Celina, seu Pedro, dona Cecília, dona Lourdes, Fátima Lucas, Alda, dra Inácia, Lidenice, Isabel, Ivone, Naim, Tadeu, Diogo, Raquel, Keyla Mafalda, Petrònio, Josivam Cardoso, Nívia...e tantos! mas tantos outros, que nem se pode contar.

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