sábado, 29 de junho de 2013

Pensar diferente, fazer diferente, construir outros modos de ser... e se proteger das pedradas















O PESA  aposta na reflexão de que é necessário olhar para a forma como estão se desenvolvendo os processos de trabalho, a atuação das equipes, os modelos de atenção, a relação com os usuários e os serviços de saúde. A idéia da promoção como mecanismo, inclusive, de empoderamento e autonomia dos sujeitos. A superação da clínica degradada, por uma que amplie a visão e a busca por respostas, cujos esconderijos pertencem não somente ao mundo da doença, mas estão  aninhadas ao cotidiano, ao modo de cada indivíduo conduzir a vida, suas escolhas, as oportunidades, o acesso ao que é estruturante para a produção da saúde de cada um e da própria comunidade. A clínica ampliada tem uma potência extraordinária, porque permite enxergar no outro e em si mesmo o anverso daquilo que um olhar linear e unidirecional produz, ou seja, mais cegueira do que amplidão. A multicausalidade no processo de adoecimento é revelada quando sentamos frente a frente com o indivíduo, dispostos a compreender os verdadeiros e escondidos significados  para a ausência do seu sono, a sua fome, a sua fadiga e desânimo, as suas lágrimas que molham nossos papéis. Medicalizar a dor, a fome, a infelicidade e o  sofrimento é parte de um modelo sem alcances. Dar oportunidade ao corpo de ser esquadrinhado por toda a sorte de máquinas, não revela a verdade na maioria das vezes  porque o espírito, os desejos, anseios e medos são indizíveis por máquinas. Elas são necessárias, mas no momento certo, quando o sujeito recebeu da clínica, o olhar para o todo que lhe compõe. E nisto consiste a integralidade. Pensar que o remédio virou "remédio" para resolver problemas de saúde é um equívoco que só é permitido numa visão ingênua e imediatista, bem típica da comunidade. O remédio está na ordem da doença e na lógica nociva do capital, engendrada pelas indústrias farmacêuticas. Cabe às equipes de saúde a busca da desconstrução dessa visão e entendimento, e não reforça-la. Quando houver doença, ele precisa estar disponível e de preferência resolver o problema, mas ele não pode está na defesa e no discurso de quem se destina a gerir serviços e produzir saúde, como via única. Nisto consiste a aplicação e o  exercício da clínica ampliada, cujos métodos não são excludentes, muito menos reducionistas, mas acima de tudo, procura forjar na comunicação um caminho que leve a construção de sujeitos autônomos, cuja maturidade os faça buscar direitos, acessos e oportunidades que efetivamente promovam a saúde no âmbito individual e coletivo. A qualidade de vida e todas as circunstâncias e fatores desencadeantes devem e podem estar na pauta da assistência e do processo de trabalho das equipes, porque essa medida traduz um modelo disparador de trocas, de lucidez, informação e grupalidade tão necessários à  vida coletiva. Foi assim que no último 27 de junho á tarde, gastamos nossas horas laborais lá na USF. Nos reunimos com a comunidade para falar sobre a vida, sobre a importância dela... a qualidade dela. E foi muito bom!

domingo, 23 de junho de 2013

Como matar a sede de água com poesia...


E até então ele era um silêncio cerimonioso, compenetrado, num fazer calado e sempre. Com sua ferramenta, como todas as que estavam lá, a maioria das coisas produzidas por ele mesmo. Permanecia afastado um pouco dos demais  que se mantinham numa tarefa com as mãos mas o riso e a graça servindo de complemento. Mas ele não! Ele não dava conta do que se passava! Ele estava do outro lado. Nesse dia, depois da chuva, veio o sol . Era o terceiro dia do mutirão de limpeza da USF Cidade Nova,  e nem por isso havia desânimo. A camisa foi retirada para aliviar o calor e exibiu ainda quanta vitalidade para os seus setenta e tantos anos. Quão surpreendente foi vê-lo pedir água em forma de canção:
"menina dos olhos dágua
me dá água pra beber
não é sede não é nada
é vontade de lhe ver"
Corri depressa pra registrar esse momento tão raro e aqui compartilho com vocês. O PESA mostrando  as infinitas e surpreendentes possibilidades do trabalho com a comunidade. 


segunda-feira, 17 de junho de 2013

E QUANDO FALAMOS EM ACOLHIMENTO, PENSAMOS EM QUÊ?



















O acolhimento no campo da saúde deve ser entendido, ao mesmo tempo, como diretriz ética/estética/política constitutiva dos modos de produzir saúde e ferramenta tecnológica de intervenção na qualificação da escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com responsabilização e resolutividade nos serviços. (M.S 2006)


Segundo essa definição no caderno da PNH, o Acolhimento passa de mero ajuste nos espaços de recepção ou de simples processo de melhoria na afetabilidade das relações entre usuários e profissionais de saúde, para uma compreensão muito mais ampla e de dimensões cujo alcance busca atingir os processos de trabalho, a solução para as demandas de saúde dos usuários e a garantia do acesso, incluindo neste aspecto, a integralidade. Pensando assim, como é possível que cada Unidade de Saúde, isoladamente, construa seu modo de acolher, tendo em vista essas questões que estão ou deveriam estar no plano de uma política institucional, que desse conta de estruturar uma rede hierarquizada e integrada, mas não estão. Que se preocupasse em permitir o pleno funcionamento da atenção básica (nível hierárquico do sistema considerado porta de entrada no SUS), mas não se preocupa. Que investisse num processo de capacitação, supervisão e avaliação permanente para as equipes de saúde, fazendo uma gestão equânime, justa e motivadora buscando alcançar os resultados estabelecidos nos pactos de gestão. Mas não investe. A despeito de todas essas questões que legalmente são colocadas em diversos documentos e portarias que regulam o Sistema, é-nos solicitado, construir, isoladamente, um Projeto de Acolhimento. Como se fosse possível o nível local resolver sozinho, todos os problemas que afetam o funcionamento do sistema; sim, porque um projeto de acolhimento que mude processos, que altere práticas, que resolva, que inclua e que atenda integralmente as necessidades de saúde da população teria que ser pensado institucionalmente e implantado nos serviços com apoio e supervisão. A impressão que temos é que nos é passado muito mais como tarefa, e como tal, perde toda a noção e significância enquanto diretriz estruturante das novas relações que se deseja estabelecer entre os serviços e comunidade.
Por que o PESA  traz essa discussão sobre acolhimento? Porque no cerne de toda essa reflexão, estão imbricados toda sorte de jogos relacionais. Somos resultado daquilo que nos move e nos leva de um lado para outro, representado em atitudes que agem e reagem para a permanência ou mudança; e  no confronto do que queremos e aquilo que o outro quer, sempre teremos o cenário, nosso" bioma" coletivo de interesses singulares. O EU E O OUTRO num encontro antagônico de necessidades díspares e plurais. A maturidade política, ética e coletiva da comunidade é um dos propósitos do PESA e é a partir dela que devemos seguir para a construção de novas relações com o outro, com o serviço, com o direito a cidadania e o exercício dela, com a sociedade e com o mundo que nos abriga, por enquanto... até quando ainda formos NÓS.

domingo, 16 de junho de 2013

MUTIRÃO DE LIMPEZA USF CIDADE NOVA



Equipes de Saúde e Comunidade se uniram num gesto simples e solidário, neste 6 de junho de 2013, para comemorar o dia do Meio Ambiente fazendo uma limpeza na área de entorno da USF. Matagal tomando conta do espaço, impedindo a circulação de carros e pessoas. Solicitamos à URBANA a poda das plantas e a retirada do mato e lixo. A resposta foi que o órgão não estava fazendo limpeza interna de instituições públicas do município. De quem então é essa responsabilidade? Sob que práxis quer fortalecer o discurso da humanização, da ambiência saudável e das práticas de saúde inovadoras? Só havia duas alternativas: deixar como está ou esperar reação de quem no dia a dia está lá, assistindo a tudo, se importando ou não. E a reação veio, através da sugestão do médico da equipe vermelha e da vontade expressa de fazer aquilo  que seria da ordem de quem se destina a assumir gestão. O PESA anualmente trabalha alguma atividade na semana do meio ambiente, e sem as instituições parceiras para o trabalho de Educação Ambiental tem tido inúmeras dificuldades para se sustentar enquanto PROGRAMA que tem como fundamento a intersetorialidade. Percebemos o quanto a comunidade é parceira da gente e como tem sujeitos com capacidade incrível de entrega, e que precisa somente ser mobilizada para dar respostas significativas em ATOS.
O PESA reserva esse espaço para legitimar a importância do trabalho vivo que reflete em resultados bons, a união, o desejo, a disponibilidade e intencionalidade das pessoas abaixo e agradecer imensamente sua participação:

  Seu FRANCISCO, VERINHA, LINDENBERG, MANOEL, GATINHO e demais usuários do        serviço que participaram do mutirão, recebam toda a gratidão do PESA  e saibam que de todos quanto participaram deste capítulo da história da USF CIDADE NOVA, são vocês os PERSONAGENS     PRINCIPAIS, dignos de toda honra. OBRIGADO!











Pela atitude nobre do médico WELLINTON LA PICIRELLI em sugerir o mutirão, colocando-se inteiramente disponível para a ação, unindo de maneira harmônica intenção e gesto, provando a todos que o cotidiano dos serviços de saúde pode e dever ser construído com novas práticas, novos olhares e  outros significados. OBRIGADO!






Pela lição valiosa que foi ensinada pela diretora ADRIANA,  com sua atitude de que “SE FAZ, FAZENDO”, e mostrando toda a potência que há na práxis, OBRIGADO!




JORGE e JOÃO MARIA, os ACS mais envolvidos efetivamente na atividade do mutirão, porque são de inúmeros  significados  os movimentos e os passos, o envolvimento e a produção dos atos, cujos resultados não se pode ocultar. OBRIGADO!



Às equipes de produção e distribuição do lanche, da organização do auditório, a todos os ACS que trabalharam na arrecadação dos gêneros alimentícios, a Nali e Hortência pelo apoio e logística sempre. Aos que contribuíram financeiramente com a programação, Aos estagiários da UFRN, Aos enfermeiros e médicos que cada um, a seu modo e no seu tempo, esticaram o elástico da disponibilidade, ajudando a fazer acontecer o mutirão. A TODOS que participaram desta atividade, contribuindo imensamente para chegarmos a uma verdade inexorável e bela de que: JUNTOS PODEMOS MUITO.
OBRIGADO!


domingo, 9 de junho de 2013

E SE ME RETIRAREM DAQUI....NADA MAIS DE BELO EXISTIRÁ


Por que é assim que eu sou. bela! Cresço ligeiro, estendo meus braços carregados de flores e me ofereço aos pássaros no espaço, no mesmo instante em que também desço ao chão e faço pra vocês tapetes. Nem sempre sou compreendida, pois que necessidade haveria de ter, flores tão bonitas, espinhos tão vaidosos! Decerto que sentem inveja da flor, roubam para eles a atenção de quem se aproxima, amam ferir e espalhar o medo. Com isso, ganho toda a repulsa,  todas as opiniões de que devo ser eliminada em definitivo ...as BUGANVILEAS de Dra Inácia. Gente! Corre aqui! alguém mais me defenda. Preciso ganhar mais adesão de pessoas que me queiram inteiras, perenes, que me podem só um pouquinho, de vez em quando, para eu não perder a beleza, nem deixe de ver o encantamento no olhar daqueles que se aproximam sem medo, e de mim levam o melhor cacho, as minhas melhores pétalas... e se ouso dizer que flor pode sentir, que pretensão a minha! Sinto-me estranhamente feliz quando de mim extraem o melhor.


Mas não posso muito, não posso nada além do que está determinado pela minha essência de  flor. Componho o cenário, trazendo vida a essa paisagem que de mim destoa, mas me envaideço de poder amenizar-lhe o desencanto, o descaso e a destruição que persiste ao longo dos tempos, por gestões, cujas mãos,  não seguram com firmeza o elo que deve existir entre a teoria e a prática, entre o discurso e a ação, e se faz no dia a dia como numa ciranda infantil, quando um corre mais que o outro, quebrando a cadeia, o elo, o sentido.
Louvo a liberdade do sentir, do desejo, da vontade e necessidade de desambiguação que permeia tudo que é vivo, porém já não me serve. Tudo já foi propalado! Não tenho forças para impedir... segurar o desastre. Por favor, cuidem de mim! De outro modo só terão para enxergar esse cenário triste que se estende abaixo... e sentirão saudades de mim.







quarta-feira, 5 de junho de 2013

E NO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE... SALVAR OU ABATER SÃO REVESES?

"Duas lagartas teceram cada uma seu casulo. Naquele ambiente protegido, foram transformadas em belíssimas borboletas. Quando estavam prestes a sair e voar livremente, vieram as ponderações. Uma borboleta, sentindo-se frágil, pensou consigo: 
"A vida lá fora tem muitos perigos. Poderei ser despedaçada e comida por um pássaro. E, mesmo se um predador não me atacar, poderei sofrer com as tempestades. Um raio poderá me atingir. As chuvas poderão colabar minhas asas, levando-me a tombar no chão. Além disso, a primavera está acabando, e se faltar o néctar? Quem me socorrerá?". Os riscos de fato eram muitos, e a pequena borboleta tinha suas razões. Amedrontada, resolveu não partir. Ficou no seu protegido casulo, mas, como não tinha como sobreviver, morreu de um modo triste, desnutrida, desidratada e, pior ainda, enclausurada pelo mundo que tecera. 
A outra borboleta também ficou apreensiva; tinha medo do mundo lá fora, sabia que muitas borboletas não duravam um dia fora do casulo, mas amou a liberdade mais do que os acidentes que viriam. E assim, partiu. Voou em direção a todos os perigos. Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência". (Augusto Cury).





sábado, 1 de junho de 2013

Stop Global Warming








Na semana do meio ambiente, uma reflexão sobre a continuidade da vida neste planeta.


Quercus - Stop Global Warming