segunda-feira, 17 de junho de 2013

E QUANDO FALAMOS EM ACOLHIMENTO, PENSAMOS EM QUÊ?



















O acolhimento no campo da saúde deve ser entendido, ao mesmo tempo, como diretriz ética/estética/política constitutiva dos modos de produzir saúde e ferramenta tecnológica de intervenção na qualificação da escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com responsabilização e resolutividade nos serviços. (M.S 2006)


Segundo essa definição no caderno da PNH, o Acolhimento passa de mero ajuste nos espaços de recepção ou de simples processo de melhoria na afetabilidade das relações entre usuários e profissionais de saúde, para uma compreensão muito mais ampla e de dimensões cujo alcance busca atingir os processos de trabalho, a solução para as demandas de saúde dos usuários e a garantia do acesso, incluindo neste aspecto, a integralidade. Pensando assim, como é possível que cada Unidade de Saúde, isoladamente, construa seu modo de acolher, tendo em vista essas questões que estão ou deveriam estar no plano de uma política institucional, que desse conta de estruturar uma rede hierarquizada e integrada, mas não estão. Que se preocupasse em permitir o pleno funcionamento da atenção básica (nível hierárquico do sistema considerado porta de entrada no SUS), mas não se preocupa. Que investisse num processo de capacitação, supervisão e avaliação permanente para as equipes de saúde, fazendo uma gestão equânime, justa e motivadora buscando alcançar os resultados estabelecidos nos pactos de gestão. Mas não investe. A despeito de todas essas questões que legalmente são colocadas em diversos documentos e portarias que regulam o Sistema, é-nos solicitado, construir, isoladamente, um Projeto de Acolhimento. Como se fosse possível o nível local resolver sozinho, todos os problemas que afetam o funcionamento do sistema; sim, porque um projeto de acolhimento que mude processos, que altere práticas, que resolva, que inclua e que atenda integralmente as necessidades de saúde da população teria que ser pensado institucionalmente e implantado nos serviços com apoio e supervisão. A impressão que temos é que nos é passado muito mais como tarefa, e como tal, perde toda a noção e significância enquanto diretriz estruturante das novas relações que se deseja estabelecer entre os serviços e comunidade.
Por que o PESA  traz essa discussão sobre acolhimento? Porque no cerne de toda essa reflexão, estão imbricados toda sorte de jogos relacionais. Somos resultado daquilo que nos move e nos leva de um lado para outro, representado em atitudes que agem e reagem para a permanência ou mudança; e  no confronto do que queremos e aquilo que o outro quer, sempre teremos o cenário, nosso" bioma" coletivo de interesses singulares. O EU E O OUTRO num encontro antagônico de necessidades díspares e plurais. A maturidade política, ética e coletiva da comunidade é um dos propósitos do PESA e é a partir dela que devemos seguir para a construção de novas relações com o outro, com o serviço, com o direito a cidadania e o exercício dela, com a sociedade e com o mundo que nos abriga, por enquanto... até quando ainda formos NÓS.

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