terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tenda do Conto em Cidade Nova: Encontro lindo, cheio de emoção.


E elas chegaram com aquelas malas de rodinhas. Alguém perguntou: vão viajar? Respondi: Sim, vamos todos viajar. Vamos mergulhar numa experiência que tem um encanto assombroso e tira de nós lembranças empanadas...longe na memória... encobertas pelo tempo. Todos foram buscando acomodar-se e impossível foi não perceber os olhos curiosos debruçarem-se sobre os objetos que estavam sendo espalhados sobre a mesa. Na expressão do rosto, todo espanto e curiosidade. Espalharam-se pétalas de buganvileas sob a mesa, malas customizadas de vários tamanhos no chão, penduraram bonecas de pano e urupemas numa colcha de fuxico, toda sorte  de objetos carregados de imensa simbologia e significados no imaginário daqueles inúmeros pares de olhos que curtiam a novidade do encontro naquele dia. Típico encontro com arquétipos. E a cadeira de balanço? Ah! eis aí o objeto mais intrigante. Coberta com uma manta, cheia de almofadas, pronta para balançar a quem se submetesse testar sua  identificação e conquistar a coragem de expor a autonomia pessoal, a própria liberdade interior e acima de tudo a autocompreensão dos seus processos existenciais. A mensagem pronunciada por cada uma das falas revela, o que temos de nós em forma de dor, saudade, prazer ou alegria. Inegável quanto de  desconsolo humano carregamos, tantas vezes anônimo e cotidiano, diante das perdas irreparáveis, ausência de pessoas amadas, da saúde fragilizada, da felicidade que às vezes se faz tão distante, do trabalho que nos sucumbe e que pode ser mais motivo de desamparo em algumas ocasiões. Quem consolará a todas essas intempéries dispersas nas nossas memórias até os dias de hoje?. Trazê-las à tona causa tanta reviravolta interior! Como são preciosas as pessoas quando se aproximam com ternura das suas mais duras vivências! E há um maravilhoso  projeto de amor embutido em cada uma dessas vidas que conseguiram emergir e chegar até aqui, para lembrar que no fim tudo que se viveu de mais doloroso não minimizou o desejo e a esperança de ser feliz. Percorrer o caminho da memória traz de volta a percepção da totalidade e junta a realidade que em nossa história de vida se fez em mil pedaços. E isso é tão bom para percebermos que,  até quando ainda formos nós, seremos sempre o complexo e magnífico testemunho das nossas idéias e sonhos. A Tenda do Conto nos convida a  passar por cima do nosso desamparo pessoal e prestar atenção em quem está do nosso lado, acolher suas lágrimas, suas dores e dissabores; nos estimula a curtir os mesmos sorrisos,  alegrias e lembranças boas; compartilhar no fim, abraços e afetos. Não há nenhuma rigidez ou ordem predestinada, somente ouvir em silêncio, substrato necessário para se consuma do outro aquilo que o milagre da TENDA pode dar. 

2 comentários:

Jacqueline Abrantes Gadelha disse...

Jaldísia, teu relato é pérola que reluz de um modo muito especial. Luz que nos acolhe com ternura, que nos aquece o coração e nos impulsiona a seguir...
Um beijo na alma,
Jacque

jaldisia cavalcante disse...

Jackie querida obrigada! A Tenda do Conto é muito factível a esses momentos de enlevo da alma.
Fui abraçada por tuas palavras

beijo