quinta-feira, 30 de maio de 2013

"SOMOS DEMASIADAMENTE HUMANOS"

Somos demasiadamente humanos, todavia ignoramos o nós que fica por dentro, mesmo quando se agita numa espécie de rebeldia, numa necessidade pungente de ser acariciado e ter seu desejo colado no topo da lista, esperando realização. O nós que escondemos, sufocamos e violentamos com nossas escolhas, volta cedo ou tarde, ávido em cobrar reparação, sob pena de partirmos em pedaços, esgarçados em alma, corpo, espírito e identidade. Arranca fora nossa máscara e nos expõe, primeiro a nós mesmos, desnudos das nossas certezas.  Juntar o nós que se partiu é a única e irremediável maneira de resgatar o humano, demasiadamente, humano que há em nós. Como numa espécie de catarse, havemos de tornar "processualmente ativas, singularidades isoladas, recalcadas", retirá-las do eixo em que giram em torno de nós mesmos. Forjar e se deixar forjar a subjetividade que acolhe "o mundo da infância, do amor, da arte...bem como tudo que é da ordem da angústia, da loucura, da dor, da morte, do sentimento de estarmos perdidos no cosmos". A salvação está na auto-permissão de cultivar o dissenso (se necessário) e a produção singular da existência. Não podemos ser bons no trabalho de construir novas subjetividades (humana, ética, estética e ecológica), quando arruinados por dentro. Este post é dedicado a C e outras letras, um jovem belo, cheio de incertezas e completamente cético em encontrar prazer e gosto com o trabalho na atenção primária em saúde. Para ele uma dose de ânimo do PESA com todas as suas infinitas possibilidades.

3 comentários:

Maria Clara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Clara disse...

Nada se move se cada um não souber se mover sozinho, se cada um não conhecer seu íntimo, seus desejos e anseios, como ajudar alguém se você não se ajuda? Isso não existe, precisamos todos os dias matar os nossos monstros para depois ajudarmos outras pessoas a fazer o mesmo. Nada como abrir o armário e quebrar toda a louça que estava escondida.

jaldisia cavalcante disse...

Maria Clara
You wrot beautiful things. Thank you.